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Dom 12 Maio 2024
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Os Rostos da Ciência que ganharam uma bolsa para financiar os seus projetos científicos inovadores

Foram os quatro vencedores da primeira edição do Fundo de Prova de Conceito InnOValley. Entre as 14 candidaturas, destacaram-se pelos seus projetos relacionados com desenvolvimento de um microscópio de altura resolução, de um tratamento de fungos, de um método de produção de carotenoides e de um projeto de conversão de resíduos marinhos da indústria de conservas em cosméticos ou produtos farmacêuticos.

Simão Coelho, Ana Petronilho, Rita Abranches e Elin Moe. São estes os nomes dos vencedores da primeira edição do Fundo de Prova de Conceito InnOValley (IOV PoC), uma iniciativa criada pela Câmara Municipal de Oeiras, em parceria com o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e o Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier da Universidade Nova de Lisboa (ITQB NOVA), que se destina a financiar projetos desenvolvidos por investigadores do IGC e do ITQB.

A primeira edição recebeu um total de 14 candidaturas, das quais foram distinguidos quatro projetos: o desenvolvimento de um microscópio de alta resolução, liderado por Simão Pedro Pereira Coelho do IGC; o desenvolvimento de um novo tratamento para fungos, liderado por Ana Petronilho do ITQB NOVA; o desenvolvimento de um novo método de produção de carotenoides que ajudam a melhorar a dieta humana, liderado por Rita Abranches do ITQB NOVA; e o desenvolvimento de um projeto que prevê a conversão de resíduos marinhos da indústria de conservas em cosméticos ou produtos farmacêuticos, liderado por Elin Moe do ITQB NOVA.

Cada um dos vencedores irá receber um financiamento de até 50 mil euros para desenvolver uma prova de conceito no decorrer dos próximos 12 meses, podendo, eventualmente, ser explorada pela indústria.

Conheça melhor estes quatro projetos vencedores através das palavras dos vencedores, os “Rostos da Ciência” que desenvolveram projetos científicos inovadores.

Que vantagens práticas terá um microscópio de super-resolução na investigação e no quotidiano dos investigadores?

Simão Coelho: Os microscópios são uma parte integral na investigação, pois permitem visualizar reações e alterações nas células que estudamos. Os microscópios de super-resolução permitem ver, com escala nanométrica, interações fundamentais às células, incluindo interações a nível molecular.

Em que consiste este novo tratamento para fungos que se encontra a desenvolver?

Ana Petronilho: Este trabalho consiste no desenvolvimento de uma família de fármacos que combinam um derivado de cafeína com um metal, o níquel. Com estes novos compostos procuramos obter um tratamento efetivo para uma classe de fungos, Candida sp, procurando ultrapassar a a resistência a medicamentos atualmente utilizados, que é um dos grandes desafios.

O que são carotenoides e em que aspetos ajudam a melhorar a dieta humana?

Rita Abranches: As mudanças nos hábitos alimentares dos consumidores e a procura por dietas saudáveis levaram a um aumento da dimensão do mercado de suplementos alimentares e alimentos funcionais. Os carotenoides são compostos químicos particularmente importantes, com elevado valor comercial, produzidos por organismos fotossintéticos, e que têm múltiplos benefícios na saúde e nutrição. São poderosos antioxidantes, com aplicações que vão desde a alimentação animal e humana, até à utilização como suplementos e aditivos alimentares, e produtos cosméticos e farmacêuticos. Além disso, os carotenoides têm propriedades anti-inflamatórias e podem proteger contra doenças crónicas, como doenças cardíacas e cancro. Os carotenoides podem ser encontrados naturalmente em vários tipos de plantas, por exemplo em frutas e legumes de cor vermelha, laranja e amarela. Adicionar à dieta alimentos ricos em carotenoides pode ajudar a melhorar a saúde em geral.

O seu projeto prevê a conversão de resíduos marinhos da indústria de conservas em cosméticos ou produtos farmacêuticos. Como isso é possível?

Elin Moe: Os resíduos da indústria de conservas de pescado (pele, osso e cartilagem) contêm muito colágeno. Esta é uma substância que atualmente está a ser utilizada tanto em suplementos alimentares, quanto em produtos cosméticos. A ideia é isolar o colágeno dos dejetos do peixe, cortá-lo em pequenos pedaços, usando enzimas que desenvolvi em laboratório, e usar estes produtos.

De onde surgiu a ideia desse projeto?

Elin Moe: Grande parte do material que sobra da indústria de conservas de pescado atualmente vai para aterros sanitários ou é convertida em farinha de pescado. A ideia surgiu da necessidade de mostrar que é possível criar produtos de alto valor, muito procurados no mercado, a partir destes resíduos.

Considera que a atribuição desta bolsa será um forte impulsionador desta investigação?

Simão Coelho: Sem dúvida. Esta bolsa dá-nos a oportunidade de melhorar aspetos técnicos e produzir um protótipo que levará a investigação científica em Portugal mais competitiva a nível europeu.

Que balanço faz até agora da sua experiência nesta investigação?

Ana Petronilho: Até ao momento, procurámos ampliar esta família de compostos [fármacos que combinam um derivado de cafeína com um metal, o níquel], para tentar otimizar a sua atividade, bem como entender o modo como atuam. Este trabalho está a ser desenvolvido em parceria com a minha colega Catarina Pimentel, que está a desenvolver os ensaios biológicos que nos permitirão saber mais sobre o modo de ação, por forma a desenvolver o composto mais eficaz. Esta interdisciplinaridade é absolutamente fundamental para o desenvolvimento de novos fármacos e está a ser possível pelo financiamento dentro do programa INNOVALEY.

Qual o objetivo que espera alcançar nesta investigação e qual a importância desta bolsa para o alcançar?

Rita Abranches: Atualmente, a produção natural não consegue satisfazer as exigências do mercado, pois a extração e rendimento dos carotenoides ainda carece de optimização. A falta de bioprodutores adequados leva a que a produção para a alimentação animal seja feita por síntese química, utilizando frequentemente precursores derivados da indústria petroquímica. No caso de compostos destinados ao consumo humano, há uma procura crescente por carotenoides de fontes naturais. Assim, são necessários métodos inovadores que privilegiem as fontes naturais e a produção sustentável.

O objectivo deste projeto é estabelecer plataformas biológicas, económicas e sustentáveis, para a produção de carotenoides, usando células vegetais em cultura e recorrendo a engenharia metabólica. Estas culturas celulares oferecem baixos custos de produção, capacidade de produção em larga-escala em biorreatores, consistência do produto, contenção e conformidade com os requisitos regulamentares. Este projeto, que além de inovador e potencialmente gerador de propriedade intelectual, contribuirá para promover dietas saudáveis numa época de envelhecimento da população e estilos de vida ativos. A equipa deste projeto é composta por biólogos e químicos que trabalham em estreita colaboração.

Ganhar esta bolsa foi importante pois permitiu-nos obter fundos para realizar investigação aplicada, o que nem sempre é fácil de conseguir através da agencia nacional de financiamento. É também importante para a visibilidade do concelho de Oeiras, que aposta fortemente na ligação entre investigação e empresas.

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