Segundo dados da análise dos níveis de anticorpos, das 1905 pessoas vacinadas e acompanhadas no estudo, as que receberam vacinação combinada, com a primeira dose de Oxford/AstraZeneca e segunda dose da Pfizer/BioNTech, gerou maior quantidade de anticorpos comparativamente às duas doses da vacina da Oxford/AstraZeneca. Os dados revelaram, ainda, que os níveis de anticorpos, após as duas doses da vacina Pfizer/BioNTech, foram superiores aos gerados com outros esquemas vacinais.
Estudo acompanha longitudinalmente profissionais de saúde do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental E.P.E., desde dezembro de 2020, e profissionais de educação do Concelho de Oeiras, desde abril de 2021, com o apoio do Agrupamento de Centros de Saúde de Lisboa Ocidental e Oeiras e da Câmara Municipal de Oeiras.
O total de participantes, 1905, acompanhados no estudo INFO-VAC, do Instituto Gulbenkian de Ciência, inclui 384 profissionais de educação e 1521 profissionais de saúde. Destes, 258 seguiram um esquema vacinal combinado, consistindo numa primeira dose de Oxford/AstraZeneca seguida de uma segunda dose de Pfizer/BioNTech. O estudo contempla duas fases: a fase de indução e a fase de duração. Na fase de indução o projeto procura aferir a efetividade de cada esquema vacinal na indução de uma reposta imunitária e qual a sua amplitude. Na segunda fase, o estudo pretende aferir a duração/longevidade da resposta após o esquema de vacinação completo.
Os dados obtidos na primeira fase revelaram:
Nos resultados da segunda fase, verificou-se que 6 meses após o início da vacinação a percentagem de participantes que apresentaram anticorpos foram: 99% dos num esquema vacinal combinado e 82% após duas doses de vacina Oxford/AstraZeneca, enquanto no esquema da Pfizer/BioNTech chegaram aos 98%.
Segundo Lígia Gonçalves, responsável pela implementação do estudo no Instituto Gulbenkian de Ciência, “os resultados demonstraram que o esquema vacinal combinando Oxford/AstraZeneca com Pfizer/BioNTech funciona bem. Além disso, estes resultados são promissores para o atual esquema da dose de reforço com vacina de mRNA em indivíduos previamente vacinados com outro tipo de vacina.”
Segundo Jocelyne Demengeot, imunologista e coordenadora do estudo “os anticorpos são indicadores de que o sistema imunitário esta a ser recrutado e que há memória imunológica. Uma das questões ainda por responder é se os níveis de anticorpos num determinado momento servem de indicador da duração da proteção conferida pela vacina”. O estudo em professores, funcionários de escolas e em profissionais de saúde “é particularmente informativo uma vez que correspondem a grupos representativos da população de adultos entre os 19 e os 70 anos” conclui Jocelyne.
O responsável pelo estudo no Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, E.P.E., João Faro Viana, realça a importância destes estudos de efetividade no terreno, já que os ensaios que validam a utilidade e segurança das vacinas são sempre efetuados em condições e amostras populacionais muito controladas e que existem outros fatores que potencialmente modulam a resposta na vida real, como por exemplo as novas variantes ou o comportamento social.
A condução de rastreios é um instrumento imprescindível para garantir o acompanhamento da evolução da resposta vacinal e obter dados para apoiar as decisões sobre a possível revacinação e vacinas a utilizar. Os rastreios serológicos estão a ser conduzidos ao longo do tempo e incluem-se num programa de avaliação da efetividade da resposta às vacinas contra a COVID-19 que o Instituto Gulbenkian de Ciência tem vindo a promover desde dezembro de 2020. O programa de rastreios em profissionais de saúde tem sido conduzido em estreita parceria com o Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, E.P.E., desde que a vacinação começou a ser implementada em Portugal. Além deste grupo, o projeto segue profissionais de educação, idosos residentes em Lares e funcionários de lares, e pessoas com doenças específicas, a quem foram administradas as diferentes vacinas, num total de cerca de 3000 pessoas. Os estudos INFOVAC são coordenados pelo laboratórios de Carlos Penha Gonçalves e Jocelyne Demengeot do IGC.