Jamil Kitoko, investigador pós-doutorado do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), foi galardoado com uma bolsa do Human Frontier Science Program (HFSP) de longa duração.
O investigador nasceu em Angola e cresceu no Brasil, tendo concluído o seu doutoramento em imunologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Chegou ao IGC em Maio de 2021 para uma posição de pós-doutoramento no laboratório de Inflamação, liderado por Miguel Soares. Agora, com o prémio do HFSP, Jamil poderá expandir as suas competências de investigação numa nova área de estudo no instituto.
Jamil é um dos 65 investigadores em fases iniciais da sua carreira a ver a sua investigação financiada pela HFSP na edição de 2022. Com início em Janeiro de 2023, e por um período de três anos, o bolseiro de investigação irá receber cerca de 200.000€ para estudar como a deteção neuronal da molécula heme pode promover a adaptação a infeções.
O heme é uma molécula que se encontra principalmente no interior dos glóbulos vermelhos e que está envolvida em diversas funções biológicas vitais. No contexto de doenças infeciosas, como a malária, esta molécula pode ser libertada por células danificadas, o que desencadeia processos de inflamação e de morte celular. Recentemente, o grupo de Inflamação do IGC mostrou que ratinhos injetados com heme apresentamdiversos traços caraterísticos da malária, como alterações no apetite, baixos níveis de energia, e metabolismo reduzido. Estas alterações no comportamento e no metabolismo são orquestradas por circuitos cerebrais. Com este novo projeto, Jamil ambiciona compreender se e como o heme livre ativa estes circuitos que permitem ao hospedeiro adaptar-se a infeções sistémicas.
“Com esta bolsa da HFSP vou poder conduzir o meu projeto numa área nova e desafiante que envolve o controlo neuronal do metabolismo em doenças inflamatórias”, afirma Jamil. “A bolsa permitir-me-á ganhar experiência científica e técnica num laboratório de renome na área das interações hospedeiro-patogénio no ambiente vibrante que é sentido na comunidade científica do IGC. Como bolseiro da HFSP poderei também estabelecer novas colaborações, através dos encontros anuais do programa, e novos contactos, para além de adquirir aptidões imensuráveis para impulsionar a minha carreira como investigador independente,” acrescenta.