Mais de 500 crianças e jovens, vítimas de crimes e ofensas sexuais, foram apoiados pela APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), durante o ano de 2021.
Segundo os dados mais recentes do projeto CARE 2.0, uma rede de apoio a crianças e jovens vítimas de violência sexual da APAV, aponta para exatamente 508 crianças e jovens as vítimas que foram ajudadas.
Em 2019, foram 417 as crianças e jovens vítimas de crimes sexuais apoiadas pela APAV, sendo que em 2020 o número subiu para 432. No conjunto dos seis anos de existência do CARE 2.0, a ajuda da APAV chegou a 2107 crianças e jovens, alem de ter apoiado também 206 familiares ou amigos das vítimas.
Em declarações à TSF, Carla Ferreira, coordenadora da rede, adianta que estes números demonstram que “a violência sexual contra crianças e jovens existe e é um fenómeno transversal enquanto sociedade”.
A coordenadora destacou a maior atenção social para estas questões de violência. “Com alguma capacidade adicional, que se calhar não tínhamos há alguns anos, de identificar as diferentes formas que a violência sexual pode assumir e essa maior capacidade de deteção acaba por ajudar a detetar as situações e a desocultar as situações, o que também leva a este maior número de pedidos de ajuda”.
Os dados da APAV revelam que 80% das vítimas apoiadas era do género feminino, com origem sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, com 789 e 576 casos respetivamente. As idades estão entre os 8 e os 17 anos, e o agressor é em 91,6% dos casos do género masculino.
Carla Ferreira destacou que a maioria dos crimes acontece em contexto intrafamiliar (51%), mas destacou que mesmo nos casos que ocorrem fora do seio familiar as situações de violência são praticadas por pessoas que a vítimas conhece.