Um artigo científico recente da autoria de Vieira et al. (2021)1, “A Transição para Dietas Sustentáveis Deve Estimular o Consumo de Leguminosas na Dieta Infantil: Perspetivas para Políticas nos Sistemas Alimentares,” evidenciou o potencial das leguminosas na promoção de sistemas alimentares sustentáveis e a importância de incentivar desde cedo, o consumo destes alimentos na dieta das crianças.
Este estudo inovador apresenta informações valiosas para decisores políticos, produtores de alimentos e pais ou encarregados de educação. Num mundo confrontado com os desafios das mudanças climáticas e da degradação ambiental, torna-se clara a necessidade de transformação dos atuais sistemas alimentares.
Como destacado durante a COP26, os sistemas alimentares contribuem de forma significativa para a emissão de gases de efeito estufa, a desflorestação e a perda de biodiversidade. Por outro lado, a prevalência de alimentos processados e dietas ricas em proteína animal têm contribuído para problemas de saúde, como obesidade e doenças crónicas, enquanto a subnutrição persiste em algumas regiões do mundo.
O artigo salienta que a adoção de sistemas alimentares sustentáveis envolverá a promoção de mudanças nutricionais que reduzam os impactos ambientais.
As leguminosas, muitas vezes não contempladas nos planos alimentares atuais, revelam-se essenciais na procura por sistemas alimentares sustentáveis. As leguminosas ricas em nutrientes oferecem diversos benefícios, desde a redução de fertilizantes nitrogenados sintéticos e emissões de gases de efeito estufa até o fornecimento de uma fonte sustentável de proteína, especialmente em regiões onde a proteína animal é menos acessível.
No entanto, apesar de suas vantagens, a produção e consumo das leguminosas tem vindo a diminuir. A baixa ingestão pode ser atribuída a diferentes fatores, incluindo problemas na cadeia de abastecimento e preferências do consumidor.
Para resolver esta questão, o estudo recomenda um conjunto de medidas a implementar em todo o sistema alimentar. Especialmente, reformular produtos infantis com leguminosas e incorporá-las no ambiente escolar. Estas mudanças são eleitas como procedimentos de elevado impacto devido à sua relativa simplicidade e potencial para criar uma evolução positiva na saúde e no meio ambiente.
Adicionalmente, os autores promovem a introdução de leguminosas em dietas infantis antes da criança completar um ano de idade. Esta sugestão é também apoiada pela APN2 (Associação Portuguesa de Nutrição), que considera segura a inclusão de leguminosas nas dietas infantis a partir dos 7-8 meses, enfatizando que esta introdução deve ser feita de forma gradual e sob condições específicas.
As descobertas revelam que será crucial considerar todo o sistema alimentar, incluindo cadeias de abastecimento, ambientes alimentares externos e pessoais, assim como os comportamentos dos familiares dessas crianças.
Podem ser consultadas mais informações através do site oficial RADIANT, bem como das redes sociais do projeto: Instagram, Facebook, LinkedIn e Twitter.
1#1 Vieira et al., 2021 (Link)
2 APN (Associação Portuguesa de Nutrição) (Link)