O Palácio Marquês de Pombal recebe, no próximo dia 20 de setembro, pelas 18h, a apresentação do livro ‘A Calçada Artística nos jardins do Palácio Marquês de Pombal, em Oeiras – Um Chão Iluminado’, de Ernesto Matos. Apresentação será seguida de uma visita orientada pelo autor à descoberta da calçada artística nos jardins do Palácio.
Trata-se de um trabalho que destaca um património valiosíssimo, que espelha simbologia e estilos, que acompanham as correntes políticas e artísticas de cada época, e que não foi, até agora, objeto de estudos anteriores, mas que constitui, por si só, motivo de visita atenta ao espaço.
O concelho de Oeiras conta, entre os seus bens patrimoniais, com uma importante e singular quinta de recreio setecentista. Este conjunto, que foi o resultado da incorporação de vários casais e quintas e de um pequeno solar joanino da família Carvalho, configurava um grande domínio composto pela Quinta de Baixo, onde se situa o palácio, o jardim, os lagares e a adega/celeiro, e a Quinta de Cima, com estruturas de produção agrícola e duas monumentais construções vocacionadas para o lazer – a Casa da Pesca e a Cascata do Taveira.
Na designada Quinta de Baixo, a enquadrar o palácio setecentista, de cunho arquitetónico marcadamente pombalino, temos o jardim de inspiração no barroco europeu, que foi alvo de reabilitação nos anos 60, do século XX, pela mão do arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, quando o complexo era pertença da Fundação Calouste Gulbenkian.
Esta harmoniosa intervenção modernista num ambiente setecentista, conferiu-lhe uma marca singular. A envolver os elementos decorativos da época pombalina, temos amplos relvados, jardins temáticos e percursos orientadores pavimentados em laje e zonas de calçada à portuguesa, em várias tonalidades, com padrões marcadamente modernistas.
Segundo Ernesto Matos, os primeiros empedrados artísticos portugueses têm a sua origem aqui, neste jardim. Destacamos o passeio em torno da fonte no jardim de Buxo, que é composto por um empedrado de seixos e de pequenas pedras brancas e pretas, onde figura a imagem de uma estrela de 12 raios, que nos remete para a simbologia do emblema dos Carvalhos ou para a simbologia religiosa dedicada a Maria, mãe de Jesus. A par deste, também o elemento pavimentar em seixo rolado, junto à cascata dos Poetas, merece destaque pela qualidade artística dos seus desenhos.
Nos anos 60 do século XX, o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles integra, então, no programa de remodelação, em vários sectores do jardim, um conjunto de empedrados que se destacam pela caracterização individual. Estes pavimentos são aplicados no jardim das Flores, na Fonte das Quatro Estações, no Terreiro dos Jogos e no Pátio de Honra.
Destacamos a intervenção junto da Fonte das Quatro Estações, pela sua dimensão, diversidade e originalidade de composições e desenhos. Aqui, os passeios pedestres foram desenhados com padrões ao estilo de grega, a pedra preta e branca; a base dos quatro lagos é composta em padrões de meias-luas, losangos, quadrados e círculos de oito raios e, em redor do conjunto escultórico, integrados num círculo, uma composição executada na técnica malhete. É também aqui, na intervenção em torno da Fonte das Quatro Estações, que se encontram quarenta e seis curiosos pormenores minuciosos: desenhos com motivos gráficos, marítimos, florais e animais que, segundo Ernesto Matos, teriam sido elaborados a gosto pessoal dos calceteiros que aqui trabalharam.
A presente edição configura um convite à descoberta deste precioso e curioso património porque, como nos diz Ernesto Matos: A calçada artística desabrochou assim a partir dos finais de setecentos, nomeadamente
pelas iniciativas do Marquês de Pombal, vindo-se, futuramente, a proporcionar o gosto e a moda no traço a preto e branco, em largos, ruas e jardins onde se decoravam espaços em tributo a reis ou ainda hoje às ruas que em democracia calcorreamos.
INFORMAÇÕES: CMO/Unidade de Dinamização do Património Histórico e Museológico –servicoeducativo.palacio@oeiras.pt