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Cerca de 66% dos portugueses estão pior financeiramente do que em 2021, diz estudo

A Intrum acaba de lançar o seu mais recente estudo ECPR – European Consumer Payment Report 2022. Um estudo que revela que em Portugal, 66% dos consumidores consideram estar pior financeiramente do que estavam em 2021.

 

O ECPR2022 tem por objetivo a partilha de informação sobre a vida quotidiana dos consumidores europeus, os seus hábitos de despesa e a capacidade de gerir as suas finanças domésticas mensalmente. De acordo com este estudo, os portugueses encontram-se bastante pessimistas em relação ao futuro, esperando que a inflação continue durante anos – ou mesmo para sempre – sugerindo pouca fé na capacidade dos seus líderes para controlarem os preços.

 

Inflação em alta provoca crescente “ansiedade da fatura” e preocupação generalizada com o futuro

De acordo com o estudo da Intrum, os consumidores sentem-se ainda mais inseguros, do que durante os dias mais sombrios do confinamento Covid-19. A confiança do consumidor caiu para um novo mínimo, desencadeando uma onda de “ansiedade da fatura”, à medida que as pessoas lutam para fazer frente ao aumento dos preços e das taxas de juro.

 

Em Portugal, 83% dos entrevistados garantem que a inflação está a ter um impacto negativo nas suas finanças domésticas, uma percentagem em linha com a média europeia (82%).

O ECPR 2022 demonstra ainda que em Portugal, 29% espera que a inflação permaneça alta pelo menos durante um ano. Em toda a Europa, quase metade dos entrevistados (46%) acredita que os bancos centrais estão muito limitados no que podem fazer para deter o aumento dos preços. No nosso país, 54% dos consumidores estão preocupados com o impacto do aumento dos preços, principalmente nos alimentos e energia, no seu bem-estar financeiro para o próximo ano.

 

As taxas de juro são uma preocupação, assim como os receios de desemprego e novos confinamentos. As famílias portuguesas estão a tentar pagar as suas contas nos prazos, estabelecendo objetivos para gerir as contas e poupanças e tentando economizar algum dinheiro extra (63%). No entanto, os consumidores com rendimentos mais baixos lutam para esticar os seus salários, para cobrir o aumento dos preços e das contas, enquanto muitos outros estão a chegar ao fim da sua “almofada de poupança”, que conseguiram acumular durante os anos de confinamento.

 

Capacidade de pagar contas nos prazos

O otimismo pós-Covid dissipou-se completamente, com seis em cada 10 (61%) europeus a afirmarem que a instabilidade económica e a incerteza geopolítica motivaram essa dissipação. Em Portugal, este número é ainda mais alto, com 71% a revelar já não sentir otimismo em relação ao futuro. Quase três quartos dos consumidores portugueses (73%) consideram que as suas contas estão a aumentar mais rapidamente do que o seu rendimento, em comparação com 51% em 2021. Um terço (36%) fica com menos de 10% dos seus rendimentos depois de pagar as contas, quatro pontos percentuais menos em relação ao ano passado (40%).

 

Gestão de crédito e dívida sob pressão macroeconómica

Enquanto os consumidores esperam que a tempestade económica chegue ainda com mais força, os empréstimos para pagar contas permaneceram estáticos desde o ano passado. Em toda a Europa, um quarto das pessoas (26%) pediu dinheiro emprestado ou atingiu o limite do cartão de crédito para pagar contas nos últimos seis meses, em com­paração com 27% em 2021. Em Portugal, este valor é ligeiramente inferior, situando-se nos 24%. No entanto, é possível que estes números cresçam no próximo ano, à medida que o aumento das taxas de juro e a inflação as atinjam e provoquem mais efeitos negativos.

Dos que atualmente pedem dinheiro emprestado a cada mês, para além da sua hipoteca e cartão de crédito, 37% pede emprestado mais de 10% do valor dos seus rendimentos e 13%, mais de 25% do valor dos seus rendimentos.

Para Luís Salvaterra, Diretor-Geral da Intrum Portugal “O otimismo pós Covid-19 do ano passado já é uma memória distante. A Europa enfrenta uma inflação galopante e uma enorme incerteza geopolítica. Esta situação está a afetar muitos dos que estiveram protegidos durante a pandemia, como os consumidores de meia-idade e os de países mais ricos. A maioria está a preparar-se para fazer sacrifícios e tende a ser resiliente e o mais adaptável possível perante a volatilidade do futuro.”

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