O Governo quer vagas na universidade para alunos de escolas em zonas desfavorecidas. O Governo voltou a integrar na Estratégia de Combate à Pobreza 2021-2030, o plano de criar um contingente especial adicional para o acesso ao Ensino Superior de alunos de escolas de zonas mais desfavorecidas, as chamadas escolas em Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP).
Este objetivo já tinha sido integrado no Plano Nacional de Combate ao Racismo e à Discriminação para o quadriénio 2021-2025 e em julho, quando este plano foi publicado, a secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, adiantou ao Público que o objetivo é avançar com as primeiras 500 vagas extra no ano letivo de 2022-2023.
Para Davis Gouveia, fundador e CEO do Uniarea, a maior comunidade online de jovens estudantes dos Ensinos Secundário e Superior, é necessário intervir, mas considera que o impacto destas vagas será reduzido.
O problema, para Davis Gouveia, é o alcance e o risco de abusos. “Supostamente, os arquipélagos têm resultados escolares piores, mas há outros sítios de Portugal Continental que têm resultados tão maus como Bragança e de Portalegre. Por isso, acho que o acesso ao Ensino Superior devia ter sido reestruturado, mas o Governo tem feito remendos ao concurso de acesso”, continua o jovem, explicando que, por outro lado, as vagas disponíveis para estes alunos mais desfavorecidos “são muito poucas” e “terão um impacto muito reduzido”.
Davis lembra ainda que nem todos os estudantes destes territórios têm as mesmas carências, e por essa razão, esta medida poderá não vai identificar os alunos individualmente, mas sim as escolas como um todo. “Isto pode dar azo a casos de abuso porque algumas destas vagas podem dizer respeito a Medicina, imaginemos, e vejo perfeitamente pessoas a tentar arranjar forma de entrar no curso por esta via”, admite, apelando à tutela que defina “regras muito claras e que não haja margem de manobra para que sejam contornadas”.
No final de julho, foi veiculado que no ano letivo de 2022-2023 serão criados 500 lugares extra para estes estudantes.
Segundo os dados disponíveis no site oficial da Direção Geral de Educação, existem 136 agrupamentos de escolas/escolas no programa TEIP que preenchem os requisitos para serem englobadas nesta medida, a maioria na região de Lisboa e Vale do Tejo e no Norte.