Como é que o cruzamento entre espécies e as alterações genéticas que daí resultam podem impulsionar a evolução? O projeto “Acaso ou maldição? As consequências da hibridação num mundo em mudança”, premiado recentemente com uma bolsa Young Investigator pelo Human Frontier Science Program (HFSP), no valor de cerca de 1,1 milhões de euros, vai procurar responder a esta grande questão da Biologia, nos próximos três anos.
Molly Schumer, professora da Universidade de Stanford, nos EUA, é a coordenadora deste projeto, que conta ainda com a participação de de Claudia Bank, investigadora do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e do Institute of Ecology and Evolution da Universidade de Berna, na Suíça, Chelsea Rochman, professora na Universidade de Toronto, no Canadá; e de Vítor Sousa, investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c) e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa). A equipa interdisciplinar vai estudar as consequências do cruzamento entre diferentes espécies, focando-se no estudo de peixes de água doce que hibridizam e vivem em diferentes ambientes, procurando compreender como é que respondem a vários fatores de stress ambiental – como as alterações climáticas ou os contaminantes químicos, por exemplo – e quais os mecanismos genéticos que utilizam para o fazer.
Para Claudia Bank, “esta é uma oportunidade para aplicar a experiência em modelagem matemática a um sistema real de peixes híbridos”. Por sua vez, Vítor Sousa destaca que “esta distinção vai permitir o desenvolvimento de novas linhas de investigação, combinando abordagens da matemática à genómica e à química ambiental, para abordar uma questão de longa data em Biologia Evolutiva”. Também Chelsea Rochman está empolgada com a oportunidade de avaliar as consequências ecológicas e evolutivas dos factores de stress ambiental em populações de peixes nativos. O mesmo sucede com Molly Schumer, que considera este projeto uma oportunidade para desvendar os diversos efeitos genéticos da hibridação e para aprofundar novas áreas de pesquisa. Em 2020 o HFSP atribuiu oito bolsas Young Investigator, tendo recebido mais de uma centena de candidaturas. Os candidatos passaram por um rigoroso processo de seleção que durou cerca de um ano. Estas bolsas têm como objetivo promover novas abordagens para problemas em Biologia fundamental com equipas de investigadores de diferentes áreas científicas e nacionalidades.