Depois do PoSAT-1, lançado em 1993, Portugal voltará a deixar a sua pegada espacial com o Aeros. Este novo satélite tem como missão estudar os oceanos. Será transportado por um Falcon 9 da SpaceX dentro de alguns dias e foi testado nas instalações do Grupo ISQ, em Castelo Branco, no Laboratório de Ensaios Especiais, onde foi realizada uma campanha de testes ambientais.
O Aeros está classificado como um nanossatélite. Pesa 4,5 kg, tem um corpo de 30 cm de comprimento e 50 cm de largura.Este satélite teve um investimento de 2,78 milhões de euros e orbitará a 510 km de altitude e à velocidade de 7 km|segundo. Dará uma volta à Terra a cada 90 minutos. O objetivo será estudar os oceanos e enviar as imagens recolhidas para um centro de operações instalado na ilha de Santa Maria e tratadas em Matosinhos.
O ISQ tem já uma longa experiência nestes sectores.
Mais de 50% dos satélites comerciais do mundo são colocados em órbita a partir do Centro Espacial Europeu, na Guiana Francesa, e é precisamente aí que o ISQ tem um dos seus mais longos projetos internacionais. Hoje conta com uma equipa permanente de sete pessoas na delegação da Guina Francesa e tem vindo a ganhar experiência com iniciativas relacionadas com o desenvolvimento de micro-lançadores e com o AIR – Açores. O ISQ está a utilizar a infraestrutura presente na Guiana Francesa no âmbito de um projeto de desenvolvimento de tecnologia para a Agência Espacial Europeia e a trabalhar com entidades industriais presentes no desenvolvimento de tecnologia de realidade aumentada para a definição de atividades de inspeção. De resto, é a única entidade portuguesa presente em permanência no Spaceport de Kouru. O ISQ destaca-se na área da qualidade e segurança dos três sistemas de lançamento aqui presentes: o Ariane 5, o Soyuz e o VEJA.
Na área espacial, destacam-se dois microlançadores: caso do Viriato e do Caravela que contribuem para o desenvolvimento de tecnologia de propulsão para um possível lançador orbital português. Aqui o ISQ é responsável pela definição e verificação dos processos de gestão de qualidade e segurança, adequados à realidade dos microlançadores.
Outro exemplo é o Space Rider, um veículo não tripulado, uma excelente alternativa à estacão espacial internacional para execução de atividades laboratoriais no espaço. Espera-se que as experiências neste laboratório orbital acelerem o desenvolvimento de novos materiais e tecnologias. O Space Rider vai realizar experiências no domínio da física, biologia, farmacêutica, medicina e ciências espaciais. O ISQ iniciou a sua participação neste projeto há uma década quando estava a ser desenvolvido o protótipo que deu origem ao Sapce Rider, o IXV (Intermediate eXperimental Vehicle).
Por último, de sublinhar que o Laboratório de Ensaios Especiais do ISQ, onde foram feitos testes ao AEROS, presta uma vasta gama de serviços à indústria, os quais estão divididos em três grupos: ensaios regulamentares de ATP (acordo internacional relativo a Transportes Internacionais de Produtos Alimentares Perecíveis e aos Equipamentos Especializados a utilizar nestes Transportes) em veículos que transportam mercadorias perecíveis; ensaio de homologação de novos equipamentos de refrigeração em camiões frigoríficos; ensaios de verificação como parte do desenvolvimento de novos produtos ou equipamentos. Está apetrechado com equipamento únicos em Portugal em termos de escala e complexidade. Possui vários túneis termodinâmicos, uma câmara de termo vácuo, um shaker para ensaios de vibração e um laboratório de ensaios estruturais. O ISQ dispõe ainda de um novo serviço de tomografia 3D de 450 kV de potência para equipamentos industriais com uma resolução máxima de 5 microns, tamanho máximo de amostra de 1200 x 1800mm e um peso máximo de amostra de 180 kg. Este laboratório trabalha para as indústria aeronáutica, aeroespacial, automóvel, renováveis, logística e transportes e refrigeração.