Um grupo de investigadores de um novo estudo preliminar acreditam que pode surgir uma nova vaga de Covid-19, com o regresso às escolas do ensino secundário e superior, que voltam a ter aulas presenciais a 19 de abril, aliado ao acesso ao interior de restaurantes, cafés e pastelarias, a 3 de maio.
Desta investigação fazem seis especialistas portugueses e holandeses. Avançada pelo Jornal PÚBLICO, a pesquisa aponta para que estes factores, aliados aos atrasos na vacinação, possam despoletar uma nova vaga de infeções, com valores semelhantes aos do outono de 2020.
Manuel Carmo Gomes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e um dos investigadores desta pesquisa, acredita que deve deve haver cuidado no processo de alívio das medidas de restrição. Segundo o investigador “há uma fração ainda muito significativa de portugueses que pode contrair a infeção pelo novo coronavírus”, o que pode ser suficiente para virmos a ter um ressurgimento da infeção, caso o desconfinamento ocorra demasiado depressa relativamente ao processo vacinal.
Um dos alertas dado pelo especialista diz respeito ao regresso do ensino secundário e superior que, a seu ver, é precipitado e “não pode acontecer demasiado cedo”.
“Temos aqui duas forças contraditórias: a vacinação, que protege, e o desconfinamento, que aumenta o número de contactos. Uma forma de evitar [uma nova onda] seria acelerar a vacinação”, contudo, questiona-se se as doses são suficientes para acelerar esse processo.
O estudo divulgado esta quarta-feira contempla quatro cenários do levantamento de restrições seguindo um modelo ajustado aos dados da seroprevalência — faixas etárias, hospitalizações, projeções do processo de vacinação e a variante inglesa em Portugal —, e está já a ser estudado um quinto cenário com novos dados.
Segundo o PÚBLICO, o primeiro cenário estima que sem quaisquer medidas de restrição, haveria mais de 58 mil hospitalizações ao longo do ano; o segundo, prevê uma quarta vaga em maio, com nove mil hospitalizações até ao próximo ano; o terceiro, com medidas semelhantes às do verão, evita-se uma quarta vaga, mas apenas se as restrições continuarem até que uma percentagem significativa da população esteja vacinada; e o quarto cenário projeta que, com uma reabertura gradual, não haverá nova vaga e o controlo da pandemia pode ser conseguido em fevereiro de 2022.