Carlos Antunes, professor da Faculdade de Ciências (FCL) da Universidade de Lisboa, afirmou em declarações ao Diário de Notícias (DN) que considera que o Governo deveria ponderar a suspensão da próxima fase do desconfinamento, que está prevista para o próximo dia 19 de abril.
Segundo as declarações do especialista, o R(t) (índice de transmissão) está a subir desde meados de fevereiro e sempre ao mesmo ritmo, uma centésima por dia, e o desconfinamento veio potenciar ainda mais essa subida, o que na opinião de Carlos Antunes, Portanto, já deveria estar a preocupar o Governo.
”As cautelas têm de ser tomadas agora e quem decide tem de pensar no que vai fazer, porque no dia 19, data para a terceira fase de desconfinamento, o R(t) já deve estar em 1.18”. Segundo o especialista, ”se não forem tomadas medidas a tempo, num ápice a multiplicação de casos que agora, de acordo com o nosso método, está a 21 dias passará para os 14 dias. E isto, sim, é preocupante”.
Carlos Antunes considera que o Governo deve ter em cima da mesa três cenários possíveis: ”Se se suspende a terceira fase do desconfinamento por uma ou duas semanas, se se abre todas as atividades ou não e até se se deve regredir nalgumas áreas que abriram”.
Esta terça-feira decorre a reunião do Infarmed, em Lisboa, onde vai ser avaliada a situação epidemiológica do país. ”Os dados que hoje vão ser apresentados anda não espelham o impacto da segunda fase do desconfinamento, o impacto da abertura das escolas dos 2.º e 3.º ciclos e das esplanadas. Este só vamos ficar a saber nesta semana e só serão confirmados pelos indicadores na próxima semana”, lembra.
”O R(t) está a subir diariamente. O valor reportado ontem pela DGS já está desatualizado, é de 5 de abril, portanto de há sete dias, já que a análise do INSA tem um atraso. Nesta segunda-feira já deve estar em 1,11, mas este valor só deve ser reportado pelo INSA no próximo relatório, no dia 17. Ou seja, e mais uma vez, quando chegarmos à próxima segunda-feira, dia 19, e se for tomada a decisão de se manter o calendário de desconfinamento, que prevê a reabertura dos ensinos secundário e universitário e dos restaurantes já teremos um R(t) muito superior (1.18)”, esclarece Carlos Antunes.
Segundo o responsável, existe a possibilidade de Portugal enfrentar uma quarta vaga, contudi, não nos níveis de intensidade da doença que se verificou em janeiro.